"Eu acho que o imposto sindical acomodou muito o sindicalismo brasileiro. A verdadeira fonte de recursos do sindicato deve ser mesmo a categoria" (*)
Aqui está meu blog, onde pretendo espelhar um pouco do meu pensamento. Este tambor eletrônico e verbal vai tocar com suingue? Vamos tentar.
domingo, outubro 21, 2007
O músico e o fim do imposto sindical
"Eu acho que o imposto sindical acomodou muito o sindicalismo brasileiro. A verdadeira fonte de recursos do sindicato deve ser mesmo a categoria" (*)
quinta-feira, setembro 13, 2007
Sem Noção
terça-feira, setembro 11, 2007
7 de setembro
Os olhos diesel vermelhos
que ele é um crack da cola
não tem escolha o menino
nem escola
a infancia em fumaça, presa
verdes anos em veneno
vida baldia, terreno minado
merenda embalada em saco de lixo
em bandos vão , bichos
As pernas magrelas dobradas
agachados,conferência
desafiando omissão
debochando da decência
fazem tremer a madame
enervam o guarda civil
gargalhada pueril
é tosse que lacrimeja
por olhos diesel vermelhos
segunda-feira, agosto 27, 2007
Coral
Colore o cenário e os cílios
Carrega os filhos e as cores
Coral
Marcenaria e ilha
Cara e coroa
Coral
Segredo de um sucesso
Apenas mais um, que se cora
Coral
Garganta a pleno vapor
Em águas de sulfura pura
Coral
Cantando no fundo do mar
Rasgando as peles em pranchas
Coral
Alimento nas marés
Tropeção para os banhistas
Coral
Harmonia em profusão
Nas águas da convivência
Coral
Alegria e mais alegria e mais alegria e embevecimento vocal
sábado, junho 30, 2007
Evilásio e o Habeas Corpus
Nos últimos anos, o trabalho me tem sido generoso em oportunidades de visitar minha terra, Salvador, e assim poder passar uns dias com meus pais, rever irmãs e amigos, parentes, sabores e lugares da capital da Bahia. Sair a pé pela cidade, do Campo Grande ao Pelourinho (êta! tá parecendo letra de música de bloco baiano!), refazendo trajetos há muito e muitas vezes vividos, respirando os sons da cidade, saboreando imagens... Ou uma ida até a Cidade Baixa por Itapagipe, berço da minha infância já relatado aqui em “As mães e as manhãs” e na lembrança da baiana Leonor em “A culpa é do orégano”, para ver qual o aspecto atual da antiga casa da Rua da Imperatriz. Conferir se finalmente despoluíram a Praia da Boa Viagem, relembrar a praia do Humaitá, provar os sabores da sorveteria da Ribeira, sorver uma cerveja gelada e comer siri-bóia no bar da Tia Maria, na Pedra Furada... Minha terra é um insulto à tristeza.
Mas é um convite à placidez e à meditação, quando o dormir dos alto-falantes e sistemas de som presentes em praticamente todas as barracas de praia nos permite esse sossego. Pois nada como ler um livro e olhar o mar, olhar o livro e ler o mar, numa mesinha à sombra, num dia de semana de praia vazia.
Sempre que tocando em Salvador, dispenso o hotel e vou para a casa dos meus pais, na Pituba, bairro litorâneo que cresceu e se afirmou na preferência da classe média soteropolitana entre os anos 60 e 70. Sua praia já foi muito freqüentada, mas a crescente poluição do Rio Camurujipe, que deságua na praia vizinha de Costa Azul, diminuiu em muito sua balneabilidade, porém as barracas de praia, a cerveja gelada, os caranguejos e a placidez continuam lá, a alguns passos de casa.
Numa dessas manhãs, já perto do meio-dia, me instalei num banquinho de uma daquelas barracas silenciosas, ao som de um mar maculado, mas ainda de um tom azul Caymmi a espumar um branco oxalá nas pedras e areia, e fui recebido pela simpatia sarará da Dona, cerveja super gelada mergulhando naquela cápsula que se pretende conservadora da temperatura ideal da “loura”. Mansamente agradecido à qualidade de tal aquarela de etnias, cores humanas e “cervejais”, arrisquei um caranguejo.
-Não tem! Caranguejo tá um horror de se encontrar. Dizem que deu uma praga que não se acha mais caranguejo que preste por aqui, mandam vir de avião, de Belém do Pará e eu não tenho o pistolão de conseguir... Mas tem lambreta, agulhinha-frita, sururu...
Aproximava-se a hora do almoço e eu fazia o pacote perfeito para um dia de folga: Uma caminhada até a praia, uma cervejinha, algumas páginas, conversa fiada e contemplação, antes da caminhada de volta a casa. Caranguejos, com a trabalheira que dão para serem comidos, até abrem o apetite, até porque para se saciar de caranguejo são necessários alguns, não um apenas. Sem caranguejos, já perto de almoçar, resolvi ficar somente na cervejinha mesmo
Então, como do nada, surge alguém que pode agregar se não caranguejos, pelo menos outros crustáceos ao cardápio da barraca: Um vendedor de siris. Um tipo baiano espigado, chapéu de palha, samburá cheio de siris pendendo do ombro, se chega à barraqueira com familiaridade e é recebido efusivamente:
- Digaí, freguesa, olha que bitolão de siri? Tirado hoje do mar...
-Mas rapaz!!! Quem é vivo sempre aparece! Quequiá, menino? Como você tá, rapaz? Tomou juízo?
-Vamos indo, né... Correndo pro bicho não pegar, fazendo minha parte... Atrás do meu sustento...
-E aquele amigo seu, aquele que não é muito certo, como é... Evilásio! Evilásio tá preso ainda?
-O quê? Evilásio? Evilásio tá é muito bem solto. Se não tiver roubando de novo, amén!
-Marrapaaz, aquele apronta muito!
-Evilásio arranjou um advogado bom, sabe lá como, o advogado conseguiu um Corpus Christi pra ele, que já tá na rua tem tempo...
Não pude conter o riso diante da expressão equivocada do amigo do tal Evilásio. A barraqueira perdeu a fala e arriou sua cabeça em sacolejos de riso sobre o balcão da barraca, olhava pra mim, entre uma gargalhada e comiseração pelo amigo:
-Quiá quiá quiá... Isso é uma heresia, rapaz, você quis dizer Habeas Corpus, né não? Ah esse menino... Quáááásss... -as lágrimas chegavam a brotar dos seus olhos.
-E eu sei? Não tenho formação pra isso não! , ria também o pescador e, virando-se na minha direção: Não é, meu senhor? Cadê o estudo que o governo não dá? , politizou nosso amigo, com o que concordei.
-Claro... E certas palavras confundem qualquer um... É isso mesmo.
Fiquei imaginando a saga daquele conterrâneo, buscando no mar seu sustento, seguindo caminho árduo, mas que lhe dava as portas e braços abertos de amigos como aquela barraqueira, e tendo o privilégio de poder rir de si próprio, por não precisar de habeas corpus da sua consciência, como necessitaria Evilásio, uma arraia-miúda perto dos tubarões que estão soltos por aí, roubando de novo e sempre.
quarta-feira, junho 20, 2007
PRESENTES DO ESPÍRITO SANTO E OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Tirar as estradas dos mapas, viajar pelos sertões vencendo cada milímetro do atlas escolar, apertado entre irmãos numa Rural Willys, ou numa Kombi, isso é recorrente nas minhas lembranças da infância. Acompanhar meu pai em suas viagens pelas cidades do interior baiano onde ele ia inspecionar o ensino público do Estado. Tão devotado meu pai, um educador apaixonado pela profissão.
No início , o mundo rodoviário era entre Salvador e Seabra, na Chapada Diamantina , terra do meu pai e meus avôs, e cidades circunvizinhas. Um milhar de quilômetros adiante da Chapada, diziam as placas, havia Brasília.
Brasília.
Era só meter o pé na estrada, atravessar o São Francisco na balsa, comer muita poeira e chegar à Meca de JK, eu imaginava ainda menino. A Serra da Mangabeira, imponente, parecia demarcar o início da mudança de Sertão para Cerrado.
Sobre Brasília, tanto a se falar, mas o que prezo muito é a invejável condição que uma capital nascida do nada pode reunir: Exatamente por nascida do nada, nos trazer tudo. Todo o norte, todo o nordeste, todo o centro oeste, sul e sudeste, verdes, recém chegados , a criar animadas rodas de amigos, a conviver dendê com chimarrão, chula com carimbó , samba de roda com samba-canção.
Brasília segue submetida à pechas injustas e cruéis para uma cidade. Xingamentos que deveriam atingir sim a determinadas figuras que habitam seus gabinetes e escritórios de lobbyes, mas que têm suas matrizes, seus nascedouros de lama em seus estados de origem. Melhor ainda seria se atingissem antes nossas próprias consciências ao votarmos em nossas cidades, tendo compaixão com a Capital e com o País, mandando gente honesta para lá.
Mas muita gente honesta e amiga deixou suas terras, venceu suas serras da Mangabeira e aportou na capital ,desde sua construção até hoje, eleitos pela obrigação profissional , em sua maioria.
São inúmeras as pessoas em Brasília com quem desenvolvi laços de graus variados de amizade. Laços que desatam nós de preconceitos regionais, que nos mostram quão infame é qualquer motivação separatista ou xenófoba neste País.
A bordo da hospitalidade de famílias amigas , como a de Stenio Bruzzi e Dona Regina Vereza Bruzzi, pais do grande amigo Reginaldo, da Rita e da Marta, pude ampliar o alcance do meu atlas, da minha imaginária viagem dentro do mapa, observando diminuir a quilometragem restante para o destino daquela viagem de férias: O Estado do Espírito Santo, para onde seguia a família Bruzzi, eu convidado deles.
Lagoas de Coca-Cola, a fábrica de Bombons Garoto, a Praia da Costa, a Barra do Jucu, a vida marinha à mesa, eis o Espírito Santo. A beleza suave das capixabas, a fala meio mineira à beira mar. Ao norte, a Bahia, ao sul o Estado do Rio, a Oeste Minas, a leste o oceano com marlins azuis, badejos, peroás e onde a imaginação nos levar, o Espírito Santo , esse embaixador do criador, o canal de comunicação com o Pai.
Voltaria depois para participar de um show de aniversário da cidade de Cachoeiro do Itapemirim acompanhando o artista brasiliense Renato Mattos , quando mais um presente o Espírito Santo me deu: Um passeio numa Maria Fumaça por serras enflorestadas, com bandas de música nas estações, com presépios, laranjas, feijões e uma música de Gilberto Gil no walk man embalando o café-com-pão-café-com-pão do som ferroviário:
João Sabino :
Tava comendo banana pro santo
Pra quem?
Pro santo
Pro santo espírito senhor
Pai do filho do Espírito Santo
Senhor pai do filho do Espírito Santo
Senhor pai de quem?
Filho do Espírito Santo
Filho de uma localidade de lá
Nessa localidade de lá
Uma abertura de si
Uma embocadura pra dó
Sustenindo uma passagem pra ré
Mi bemol
Já traz o som, o eco
A claridade
Ainda um pouco abaixo do horizonte
Atrás do monte
De mi pra fá
Sustenindo, suspendendo
Sustentando, ajudando o sol
Nascer
Aqui na terra
Atrás da serra
Cachoeiro do Itapemirim
O sol nascer
João Sabino, eu imagino
Quando era menino, via assim
Melhor que qualquer fotografia , a música parece nos trazer de volta não só as imagens como os cheiros, o ar entrando pelas janelas do trem, a densa floresta debruçada sobre a serra recortada pelos trilhos, precipício acima e abaixo, uma beleza natural que parecia gritar ,abafando o ruído do trilhar do trem. Isso foi há mais de 20 anos.
Dia 16 de junho , sábado passado, cheguei quase à metade da idade do meu pai. Fiz quarenta e cinco, ele faz 92 em setembro. Segundo ele, cheguei à idade da maturidade, quando melhoramos, depuramos o que de melhor temos sido para conduzir nossas vidas, pois é o que temos daqui por diante. Tomara que esteja certo, pois percebi que o nível 4.5 traz de volta o embevecimento de menino e uma certa fragilidade que nos faz crescer diante de quem nos gosta, por aguçarmos nosso olhar, aprimorarmos nosso toque, dosarmos nossas palavras, nos despedirmos daquela tola mas necessária sensação de independência e onipotência que se inicia após a puberdade e nos acompanha durante um bom tempo, mas que tem prazo de validade.
Nesse dia eu estava em Vitória , no Espírito Santo, para participar de mais um show acompanhando Jorge Vercilo , no Teatro Glória. E foi sob efeito de 45 anos de vida e diante da platéia, que me vi por ela homenageado, pelo Vercilo e todos os outros irmãos dessa nômade família que é a banda.
Lá no palco ouvindo um parabéns pra você, encabulado, eu notava que um casal me acenava com um instrumento musical que eu não conseguia identificar na hora, mas que me proporcionou muita alegria, quando recebi das mãos de Néia e Júnior uma autêntica Casaca do Mestre Vitalino.
Não, o frio não era intenso, nem Mestre Vitalino se trata de um nome destacado em confecções de inverno. Casaca é como se chama uma espécie de reco-reco usado pelas bandas de Congo do Espírito Santo, trabalhado e esculpido com esmero, de sonoridade forte e expressiva.
Um mimo sonoro que vai me acompanhar em muitos sons por aí, marcando mais uma vez na minha vida a simpatia do povo capixaba.
Era mais um presente do Espírito Santo
És empírico Santo, Espírito. Só experimentando pra saber.
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
A Cor do Rei
A cor do Rei
João Bani
Certa vez na internet
Numa peleja de verbos e parco conhecimento
Da dimensão do elemento colocado em discussão
Não foi por vinte merréis pra pagar três e trezentos
A arenga do momento era a cor do rei do Baião
Cego mesmo ele não era, de Aderaldo o talento
Um globo ocular ocultando a santa terceira visão
Um olho morto por fora, enxerga tudo por dentro!
Outro bem vivo e atento, vê morena inspiração!
Soba, retinto ou cafuso
Sarará, bugre ou mulato
Cabo-verde misturado
Caboclo cabra da peste
Alma viva do Nordeste
Ave Luar encantado
Se era preto ou mestiço
Se tinha olho postiço
Me diz: que tem tudo isso
A ver com a auréola da Lua?
Gonzaga banhando o roçado
Luiz animando a rua
Xaxado, xote e baião
subindo a poeira do chão
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Bahia: Capoeira, Tambores e Futebol.
O Futebol , como praticante, nunca foi meu forte, nem esse esporte teve ou tem destaque maior dentre as atividades dos filhos de Dona Ruth e do Professor Sá Teles, desde os tempos de Itapagipe, em Salvador, até nossa vida em Brasília.
Meu pai até tem em suas memórias publicadas, referências ao time de basquete que treinou , formado pelos seus alunos no agreste da Chapada Diamantina nos anos 30/40. Minha irmã mais nova, Joseane, é uma formadora de jovens atletas de GRD - Ginástica Rítmica Desportiva, profissional dedicada e competente, e seus filhos são bons de bola, mas nada podem esperar nesse sentido dos tios, eu incluído.
Minha relação com o esporte sempre foi difusa, como na capoeira onde ingressei, já morando em Brasília, como aluno do saudoso mestre Chibata. Assim me tornei percussionista: Mais entusiasmado com os pandeiros, atabaques e berimbaus, do que com as "negativas", "Meias-Luas-de-Compasso", "Queixadas" e "Martelos-rodados", preferi rodar em direção à roda de samba, me afastando da de capoeira, mas ainda levando a certeza de ter sido batizado de alguma forma na arte de promover a cultura que o sangue dos meus ancestrais deixou marcada em mim. E o mestre Chibata, baiano de Mar Grande, era um desses embaixadores da cultura negra. Ensinava a jogar capoeira, ensinava a tocar, a cantar e a ser um cidadão brasileiro.
A força da origem me legou a alcunha de "Baiano". João, Baiano, torcedor do Bahia tal qual o professor Sá Teles. O "Baiano" se reduziu e virou Bani, apelido aplicado pelo anglicismo roqueiro e gaiato de um saudoso amigo, Fábio, guitarrista dos bons, e assim ficou até hoje. Seria uma referência a Bunny (Wailer) Livingstone, percussionista integrante e mentor dos Wailers , banda primal de Bob Marley e Peter Tosh, dos quais sempre fui devoto, desde aqueles tempos. Ouvir reggae, tocar tambor e torcer pelo Bahia: A pretíssima trindade que embalava minha juventude.
Torcer pelo Bahia, morando em Brasília, era uma resistência cultural diante da predominância de torcedores de times do Rio, São Paulo e Minas. As informações sobre o tricolor eram parcas. Eu ficava procurando um posicionamento favorável do aparelho para sintonizar melhor a Rádio Sociedade da Bahia AM ou Ondas Curtas, e acompanhar os jogos do Esquadrão de Aço baiano. Naquele tempo valia a pena. O Bahia era quase imbatível na Fonte Nova, seu templo, e sempre estava bem colocado nos campeonatos brasileiros, sem passar o vexame que vive nos dias de hoje, rebaixado à terceira divisão. Era um entusiasmo que me levou à ilusão de me acreditar um jogador de futebol: Cheguei a treinar nos mirins do CEUB, em Brasília, como um lateral direito atabalhoado mas corredor, porém sem futuro algum. Pelo menos, a prática dos treinos me garantia alguma desenvoltura para, nas férias em Salvador, formar canchas imaginárias de "Perivaldos", "Baiacos" e "Douglas", ídolos tricolores da época, com meus primos, nos campos de "Baba" e nas areias batidas da praia de Placaford. As mesmas areias que , de tão batidas, não amorteceram o impacto sobre o meu braço, numa queda que levei jogando, devido a uma rasteira de um oponente desleal: Quebrei o braço. Percussionista de braço quebrado é cantor afônico. E fiquei por mais de 50 dias sem poder tocar meus tambores: Desanimei com o futebol.
Esse desânimo com a prática do Futebol chegou ao torcedor, já há alguns anos, enquanto tenho acompanhado a decadência imposta ao Esporte Clube Bahia pelos seus dirigentes. Desde a metade dos anos 90, o Bahia, Bi Campeão Brasileiro, o clube com mais títulos e maior torcida, dentre todos os do Nordeste do país, detentor de vários recordes de público no futebol brasileiro, tem sido submetido a vexames, rebaixamentos à segunda e terceira divisões, sofrido goleadas, e humilhações. Mas sempre manteve a capacidade de formar bons jogadores.
Ontem eu pude resgatar um pouco da alegria de ser Bahia, graças aos jovens da categoria de juniores, com menos de 18 anos, que representam o tricolor na Copa São Paulo de Futebol Junior. Apesar de tratados pelo clube com uma precária alimentação à base de arroz e pão com ovo, eles vêm fazendo uma campanha espetacular e , num jogo heróico diante da Ponte Preta tiveram a capacidade de lavar a alma dos verdadeiros torcedores do Bahia. Já fizeram muito por nós, acordando de novo a dimensão do que é ser torcedor do Esquadrão. Se não passarem pelo Atlético do Paraná, tudo bem. Mas a garra dessa turma me mostra que ainda é possível tirar aquela velha camisa azul vermelha e branca da gaveta e gritar: É CAMPEÃO!
Enviei um texto sobre o assunto, que foi publicado no melhor portal dos Bahia na WEB, o www.ecbahia.com.br, o qual reproduzo aqui:
OS MENINOS DO "PÃO COM OVO".
Hoje , mais uma vez, pude ter de volta a emoção e alegria de ser baiano e Bahia. Prato na mão, ainda almoçando, vi honrando a camisa tricolor garotos da idade do meu filho, que ao meu lado, mastigava seu bife prestando atenção, vendo seu pai ser menino de novo.
Do goleiro Júnior ao Anselmo Ramón, todos eles me reafirmaram que o Bahia é vivo, que o Bahia vibra, que o sangue de Marito, Baiaco, Douglas, Bobô, Charles é linhagem pura que se incorpora quando aquele manto colorido com a glória do mais tradicional e querido Estado do Brasil se veste sobre esses novos baianos.
A personalidade do Eduardo, a garra e liderança do Williames, a técnica a serviço da garra que o Ananias apresenta, não dá pra destacar poucos. Todos se empenharam em cada lance , não vi nenhum momento de displicência. A finalização os traiu diversas vezes, mas a justiça olhava pra eles com carinho. Viria a vitória com dificuldade, mas viria.
Viria após um empate cavado por um ensaboado Paulo Roberto, levando ao desespero os garotos tratados a leitinho Mococa da Macaca. Viria na expressão de quase desdém do garoto Júnior diante do perplexo primeiro cobrador da Ponte, que teve sua cobrança defendida pelo arqueiro tricolor. E pelas cobranças certeiras dos garotos sérios, raladores, que merecem já toda a nossa compreensão e respeito. Não vamos errar dessa vez. Vamos saber como cuidar desses meninos, para que eles nos tragam alegrias no profissional. Não vamos queimá-los. Eles não são os "Ronaldinhos baianos". Eles são eles, somente. Nós teremos alegria ao olhá-los de frente.
Já os algozes do Bahia não. Petrônio, Maracajá e CIA devem se envergonhar de ver essas crianças sustentando a honra de um Clube que eles insistem em enterrar. E se envergonharão de ver que, acima daquele glorioso escudo, as duas estrelas amarelas não são MANCHAS DE OVO do pão com ovo mirrado que os meninos tem que comer. São as estrelas dos dois campeonatos brasileiros que tornam esse clube grande. Tão grande quanto esses garotos sabem honrar