sexta-feira, agosto 16, 2013


ESSA É UMA OBRA DE FICÇÃO. QUALQUER SEMELHANÇA COM PESSOAS OU FATOS SERÁ MERA COINCIDÊNCIA. (João Bani)

Salvador, julho de 2016.


Sobre o aparador da sala, um porta retrato com imagens da família numa lancha, tendo ao fundo  a famosa Ilha da Caraíba, em Santa Cruz, BA,  um pedaço de paraíso que ficou conhecido nacionalmente em 2007  quando a Operação Jaleco Branco, da Policia Federal, encarcerou temporariamente Marcelão, seu pai.
Oferecendo um copo, que recuso, de um legitimo Blue Label (o seu preferido, Green, saiu de produção – “Deixou saudades”, diz ele) Marcelinho deixa soar um suspiro saudoso, reminiscências de um tempo de poder na politica e no futebol da Bahia. Seu olhar repousa por alguns segundos na janela, parecendo buscar no horizonte o passado que perdeu.
-O assunto vai ser política partidária ou política do Bahia? – me pergunta o ex-deputado e ex-presidente do maior clube do Nordeste e um dos maiores do Brasil. – vamos adiante.
-O Bahia foi o meu maior acerto e  meu maior erro. Minha vida foi conduzida por meu pai tanto para a politica quanto para o Bahia. Por não ser sinceramente da minha vontade, fracassei em ambos.
Pergunto se o Centro de Treinamento criado na sua gestão não lhe orgulhava, ele desconversa, para finalmente revelar:
-Eu era refém da OES. Nós não conseguíamos obter patrocínio com nenhuma outra grande empresa, que justificasse o Bahia envergar a marca. Perdemos várias possibilidades devido a questões contábeis e legais do clube. Reconheço: fui leniente. Por isso, quando o Carlão (Carlos Barreiros, presidente da OES) numa festa na casa de Duda, me revelou que a empresa estava de olho na região de Lauro de Freitas para construir um grande conjunto residencial, eu meio que de brincadeira, perguntei se ele não queria comprar o Fazendão...(risos). Daí, em diante, a história é conhecida. No que pode ser conhecida... A Cidade Tricolor,e um patrocino anual certo, ainda que modesto, mas segurou muita coisa para nós.
Pergunto sobre o futebol, as decepções e alegrias.
-O futebol para mim era algo que conseguia suprir minha pretensão. Tirar o clube da série B foi uma realização que estava do tamanho do que eu achava suficiente para o Bahia. Quando vi que a contratação de Angioma  tinha me auferido aquela conquista, relaxei e deleguei, deixei  Angioma livre para cuidar do futebol , negociar, etc...Havia atritos dele com Nilton na questão da base, mas tudo era resolvido pelos empresários dos meninos. As contratações eram definidas por Angioma e empresários influentes, alguns dos quais me foram apresentados pelo Senchez, como o Carlos Milk, por exemplo.
Reporter: E a Calcio?
-A Calcio precisava ser criada. Ninguém no futebol se empenha por diletantismo, por entrega. Só a torcida... rsrs...A Calcio era o suporte para o Bahia II, aquele que tinha prestigio  na base e suas competições e seleções de base, mas parava por aí. Já no profissional, havia outro grupo de interesses. Se na Calcio/base o foco era a venda, no grupo de empresários de Angioma o foco era a aquisição de jogadores desempregados. Mas havia situações em que esses focos se entrelaçavam.
Reporter: Angioma foi um acerto?
- De alguma maneira, acredito que sim. Como falei, nos legou a subida para a série A. Mas cedeu demais aos seus empresários chegados, quando montou aquele time que disputou o baiano, em 2011. Ele menosprezou o campeonato baiano e resolveu montar uma “creche” de jovens jogadores formados, mas rejeitados por times do sul/sudeste, depois  de profissionalizados. Ignorava solenemente nossa base, salvo se algum dos seus empresários passasse a gerenciar a carreira.  O episódio dos jogadores no fim de 2010, que romperam com o clube, como Alysson, Fernando, a briga de Jael, tudo isso era Angioma impondo quem ele queria e quem ele não queria no elenco. Eu lavei as mãos: O futebol do Bahia estava sob direção de um profissional reconhecido e famoso. Não era responsabilidade minha...
Reporter: E as promessas não cumpridas? De democratização, de abertura para os sócios?
-O torcedor do Bahia é um abnegado. A participação política do tricolor sempre foi sua presença vibrante nas arquibancadas. Nem teria condições de arcar com despesas mensais  de associação. A direção deve ser feita por quem tem segurança econômica. Esses representantes históricos do Bahia, como meu pai, como o Paulo (Maracujá) e outros deram muito de si para esse clube. A conta não estava paga ainda...
Reporter:...Até chegar a intervenção?
- Sim, até chegar aquele movimento politico comandado pelo PT de Jacques Wagner. Aquilo foi uma violência desmedida, em conluio com publicitários... E o preconceito contra a “Ribeira”? Eles queriam certamente “a turma do Itaigara” , não da Ribeira, no comando.  Falando em PT, uma grande decepção foi  a contratação de Cristóvão, que depois descobri ser filiado e fundador do PT...
Reporter:...E que legou ao torcedor o quarto lugar no Brasileiro de 2013 e o terceiro título nacional em 2015, ano passado...?
- Mas ele fez tudo sob a estrutura que montei! A cidade tricolor, principalmente, foi um diferencial tremendo. O Bahia hoje entra em campo como time grande
Reporter:...E passou a entrar com os salários em dia, as contas saneadas, aliado a uma fortíssima marca, com 60 mil sócios,  com um valor de patrocínio entre os cinco maiores do Brasil, tendo passado para a terceira faixa de cotas de TV...
-Mas tudo isso foi resultado do trabalho que iniciei, não tenha dúvida!
Reporter: A auditoria feita no Clube durante e após a intervenção acabou levando o Senhor e outros ex-dirigentes a mais de um processo criminal. Pelas apurações solicitadas pelo Dr. Rátis...

-NÃO PRONUNCIE ESSE NOME NA MINHA CASA!!! SEU MOLEQUE!!! RISADINHA...Ô RISADINHA! TIRE ESSE REPORTER DAQUI AGORA, BOTE ESSE CARA PRA RUA, JÁ!!!