quinta-feira, novembro 25, 2010

Meus alunos da Vila Cruzeiro no Coração do Conflito

Toda sexta feira eu pego o ônibus 622 rumo à Penha, para meu trabalho semanal no Projeto Social IBISS, no coração da Vila Cruzeiro, onde dou aulas de percussão.  A Vila Cruzeiro é uma das favelas de maior situação de risco social, sede do comando da maior facção armada do tráfico na cidade. Ontem, o Brasil viu mais uma vez cenas de confronto no local, com vários mortos. 

Um percurso de uma hora de ônibus, daqui do Grajaú até lá, que passa por cenas de transformação e degradação social. Transformação na reurbanização, nas obras do Teleférico,  nos conjuntos habitacionais. Degradação nos zumbis “crackudos” que vemos vagando nos bairros do subúrbio do Rio, rota do 622 até a Penha. 

Descendo do ônibus,  até a sede do Projeto, vou caminhando entre pastores pregando o evangelho, biroscas que vendem de tudo, funk e gospell nos autofalantes das rádios comunitárias, balcões de frutas e DVDs piratas, motos, muitas motos de diversos modelos se impondo sobre todos os passantes, borracharias, quitandas, vira-latas, uma gigantesca porca com uma cria numerosa comendo lixo abandonado a céu aberto, mães levando os filhos à escola, e muitos sentinelas armados, muito bem armados, de quem comanda o lugar. 

O Projeto fica num prédio bem equipado, erguido ao lado do “Campo da Ordem e Progresso”, onde cresceu aprimorando a sua “bomba santa” o jogador Adriano. Tem salas de atividades culturais, atendimento médico, psicológico, dentista, piscina semi olímpica e quadra de esportes. 


O entra e sai da criançada no Ibiss, que trabalha também com outras faixas de idade, varia muito de acordo com a situação: Tempo de vento eles ficam na rua, soltando pipa. Muito calor, vão à piscina. Mas a nossa percussão das sextas feiras criou já uma turma  fiel. E entre caixas, pandeiros, surdos, repiques, congas e atabaques, na convivência com essa criançada eu vi muito mais valores positivos do que qualquer coisa. Pela criatividade, pelo talento musical natural, capacidade de improviso, pela educação e comportamento moral nem sempre encontráveis em jovens e crianças de melhor berço, e por me  mostrarem que crianças são crianças em qualquer  lugar. Nem sempre “o meio” as modifica.

Imagino que muitos que só conhecem o que ocorre nas favelas do Rio através da mídia,  devam achar que a situação seja um pacto social próprio entre traficantes e moradores, onde os primeiros são os protetores e os segundos os protegidos. Na verdade os primeiros são outros opressores e os segundos, os de sempre oprimidos. Além da opressão histórica determinada pelo descaso dos poderes públicos e da sociedade “civilizada”, quando os escravos libertos tiveram suas “novas senzalas” determinadas nos piores locais das cidades, na criação das favelas, desde que o crime “se organizou” eles convivem entre dois fogos.

Meses atrás, num dia de aula, um esparso tiroteio começou a se ouvir relativamente perto, e uma menina de uns cinco anos se agarra em mim, tremendo de medo. Outra chora. Quem tá acostumado, quem se acostuma com isso?

Ontem uma jovem de 14 anos foi baleada (Por quem? Nunca se sabe) e morreu. Balas encontradas de uma sociedade perdida não têm CEP, nem telefone, nem email. Rosangela freqüentava o Projeto e não tinha nada a ver com o oficio dos bandidos nem da policia. Foi morta. Bem como outros inocentes que ficam à mercê dessa guerra. E se o asfalto se desespera entre automóveis incendiados, os moradores do morro já sofrem com isso há tempos.

Essa reação das facções pelas UPPs significa que as Unidades estão cumprindo sua função nas comunidades onde foram implantadas.  O preço da necessária  pacificação vai envolver ainda mais sangue. Que não seja sangue inocente. Peço isso por Rosangela, Breno, Kevyn, Luciano, Hugo, Alan, Luciana, Thiago, Daniel, Jorge, Mateus, Felipe, Mayara, Dentinho e tantos outros que tem sido pequenos mestres de vida para mim.

João Bani – Rio, 25 de novembro de 2010

quarta-feira, novembro 03, 2010

Joao Bani - Algumas variações em Djembe com vassourinha

Bahia X Coritiba

Vi que o Bahia teve foi muita sorte de não perder o jogo.
O resultado, pelas circunstancias foi positivo pra gente.
O fato de Jael perder o penalti foi "justiça divina". Não foi penalti. Outra jogada reclamada pelo Coritiba, igualmente não foi. Por outro lado, a jogada que o cara do Coritiba meteu a mão na bola foi penalti. Um juiz de um Estado que não figura nem na série A nem na B, apitando jogo de dois campeões brasileiros dá nisso.
Esse time do Bahia  parece, como visitante, jogar contra os adversários da mesma forma como Coritiba jogou contra nós: Articulado, armando as jogadas. Será que a massa os intimida? A responsabilidade?
Jael, definitivamente precisa cair na real , pois está muito inconstante como jogador. Acho que tá rolando, não diria uma máscara, mas um deslumbramento num cara de 20 e poucos anos, que nunca havia experimentado antes a situação de quase idolo diante de uma torcida dessa magnitude.
Parabéns à nossa torcida que, para os que falam em "qualidade", essa coisa quase imensurável numa torcida de futebol, demonstrou uma real qualidade, uma qualidade HUMANA: solidariedade pelo jogador adversário, que, fraturado, saiu de campo aplaudido e apupado pela torcida tricolor.
Torcida que foi até magnânima com o Bahia que, bem abaixo do futebol que poderia apresentar, e diante de um adversário mais competente, saiu aplaudido, mesmo tendo feito um gol e entregue o jogo em tempo tão curto, e logo ao final.
Finalizando , o seguinte: Camisa comemorativa muito bem vinda em homenagem à galegada baiana, mas  é bom usar  quando há algo para comemorar em campo também. Ainda não subimos, e tampouco somos campeões.
Vamos subir primeiro, pra homenagear ou celebrar alguma coisa.
As cores do esquadrão fizeram falta hoje. Ali tem mistica, tem o nosso Estado estampado nas nossas cores e no nosso nome. Esporte Clube[b][blue] Estado da[/blue][red] BAHIA.[/red][/b]
Nossas glórias se refletem nessas cores.