quarta-feira, maio 21, 2008

Os Grandes Clubes não morrem



Dia de clássico interestadual decisivo no Rio. No Engenhão, Botafogo e Coríntians fazem o primeiro dos dois jogos entre os times, na semifinal da Copa do Brasil
Voltando de um ensaio, chegando com o carro cheio de instrumentos, vejo aquele bar onde há todo tipo de cerveja, todas geladas, ainda aberto. Para melhorar, o gerente ainda é conterrâneo , baiano de Valença, meu amigo Heron. O Rio de Janeiro tem uma identidade com a Bahia que diminui o eterno banzo de todo baiano longe de casa. E a descontração, a conversa de bar, tudo isso nos deixa mais à vontade. Heron é Vitória, e, como tal, aproveitando o bom tempo em que não nos víamos, alfineta com aquela gozação que estava guardada especialmente para mim, depois da conquista do bi-campeonato baiano pelo seu clube:
- Marrapaaazz... Eu nem comemoro tanto o bi campeonato...Bom mesmo é ver o Bahia 7 anos sem ganhar nada...” E cai na gargalhada...
Rio com ele, contrariado, mas rio com o Rio baiano que se mostra ali. Peço uma cerveja gelada, e aproveito para contra-atacar.
-Mas quero uma Original. Nada de genéricos...hehe
E o Rio vai desaguando então ,no bar, com dezenas de torcedores do Botafogo que chegam do estádio Engenhão, templo arrendado pelo clube para mandar seus jogos. Um estádio moderno, que foi construído em função do Pan-Americano do Rio. Os botafoguenses comemoram a vitória de 2 a 1 sobre o Coríntians, nas semifinais da Copa do Brasil.
Vejo a torcida do Botafogo e relembro um dos muitos bons momentos que passei e tenho passado ao lado da minha Vania, botafoguense, ovelha alvi-negra numa família onde seus pais e irmãos são flamenguistas. Era junho de 1989 , ainda vivíamos em Brasília, já havíamos juntado nossos sonhos e esperávamos nosso João Pedro ,que nasceria, como nasceu, no mês seguinte. Pois bem, naquela noite de 21 de junho de 89, um gol de Maurício acabava com o jejum de 21 anos sem títulos do clube da estrela solitária, em decisão contra o Flamengo. 21 anos. Poderiamos até dividir este número por cada um dos seus grandes rivais: Flamengo , Vasco e Fluminense...7 anos sem ganhar, a cada grande adversário.
Minha companheira era uma alegria só, e exigia minha participação na comemoração. Quase relutei a principio, pois, tricolor baiano desde o berço, apaixonado pelo meu Bahia, tenho no Flamengo o time de simpatia no Rio. Afinal se equivalem em seus estados como times de maior apelo popular, e como os maiores vencedores, de conquistas na base da raça, da mística. Mas minha simpatia pelo urubu carioca não era o suficiente para me impedir de comemorar junto com ela , solidário, o fim do jejum alvinegro. Afinal, alguns meses antes ela vibrara comigo acompanhando a grande conquista do meu Bahia no Campeonato Brasileiro. O amor é capaz de coisas assim pelo futebol, ou o futebol é capaz de coisas assim pelo amor?
O Botafogo de 21 anos de seca era alvo de chacotas de todos os torcedores adversários, inclusive minhas. O Valdir Espinosa se revelava ali um técnico habilidoso com o desacreditado material humano com o qual contava, e motivou seus jogadores de uma forma que eles conseguiram se superar. A superação é um bem de quem é grande , de quem nunca perde a majestade. De quem É, não de quem simplesmente está. Desde então, o Botafogo venceu mais 3 cariocas e o seu primeiro Campeonato Brasileiro, se igualando ao Bahia em conquistas nacionais, já que fora campeão da Taça Brasil de 1968.
O Bahia é e será um grande clube. Vai superar suas dificuldades. Me lembrei do exemplo do Botafogo para mostrar que os grandes clubes, grandes mesmo, nunca morrem, pois estão vivos, ainda que por 21 anos ou mais, nos corações de seus torcedores.
BoraBaheeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa