sábado, maio 13, 2006

O Queixada - ( Uma crônica canina do Grajaú)



O Snak Bar, aos domingos, é uma versão etilizada do burburinho da pracinha Edmundo Rego, onde se encosta, no final da Engenheiro Richard, aqui no Grajaú.

Na pracinha: as criancinhas, as vovós, os atletas domingueiros, os jogadores de dominó, os de botão , os poodles, os chihuahuas, os bull-terriers, os shllksjlshwaizers...

No Snak Bar: o Croata, o Itamar, o Marquinho-Sete Cordas, os coroas, o PC, a Nete, a Neide, a Vovó, o Gripado e o Queixada. Do Croata à Neide, todo listado mundo é gente, mas a Vovó , o Gripado e o Queixada são representantes do segmento canino dos vira-latas.

A Vovó aparecia de vez em quando. Ficava mais do lado da rua, junto ao ponto final do ônibus, onde os motoristas do 434 a tinham como mascote. Dava gosto de ver o pelo lisinho da Vovó, que sempre rosnava para os irritantes poodles que tentavam fazer festa com ela. O Gripado também nunca mais vi, acho que virou pneumonia. Mas costumava ficar por lá pelo Snak, esperando aquele disquinho de calabresa já frio, que sobrando na mesa, ia parar na sua barriga sarnenta. Um olhar para o bebum, um balançar de rabo, um arfar e um espirro. Espirro canino é engraçado. Elesacode o rosto todo e fishishh!

Já o Queixada...
O Queixada fazia o circuito Açougue/SnakBar.
No açougue, o Queixada sempre lograva , pela manhã, devorar pedaços de apara de chã, capa de filé, refugos em geral, que fariam a ração necessária de proteina de muita gente por aí.
Sua cara preta e sua "boca-de-chove-dentro", com aquele sorriso político eterno, cativavam as donas de casa que sempre pediam para o açougueiro lhes entregar a parte que foi retirada . durante a limpeza da carne. Esses acepipes tinham destino certo: As mandíbulas proeminentes do Queixada. Depois, quando o açougue fechava, o Queixada ia para o Snak Bar , e lá ficava a "secar" nossos pastéis, empadas, bolinhos de carne, e a coisa até melhorava quando o Croata resolvia fazer um churrasco cotizado por todos, ao ar livre..Vida boa...Pra melhorar, só quando surgia alguma canina no cio, e o Queixada partia para cima, caprichando no repertório de galanteios, patinha por cima do dorso...O baixinho era fogo...

Mas num desses últimos fins de semana em que estive lá na praça, uma cena me surpreendeu... Coleirinha no pescoço, uma guia e uma dona , lá ia o Queixada, quase cambaleando pela praça, buscando um rumo, avexado que estava com todo aquele aparato que lhe envolvia. Até um boné lhe foi colocado, o que certamente o fez alvo de gozações dos "sem-raça da praça" .
Fora adotado!
Fico imaginando a angústia do baixinho passando ao largo do açougue, do snak, das cadelinhas...
Nada supera a liberdade.

J.Bani

8 comentários:

Anônimo disse...

Oii Bani,Boa Tarde!!!!
Adorei muitão o texto que vc postou :)

Beijosss

Anônimo disse...

hehehe Mto bom Bani!!!!!
Altas crônicas hein?! Continue assim, estamos amando.
Ô cachorrinho esperto, mais do q eu aqui. rs
abração

Anônimo disse...

Já virei fã! Vou estar sempre por aqui aguardando a próxima história.

Abração, Bani!

Anônimo disse...

Queixada batia ponto no açougue todo dia... Era que nem criança vivendo numa loja de brinquedos. Tiraram a felicidade do coitado.

Anônimo disse...

o 434 passa aqui perto de casa, acho que um fim de semana desse vou visitar o sanck bar. Espero que esteja rolando o churrasco cotizado!

abração

João Bani disse...

Valeu, pessoal. Apareçam sempre.
Flávio, vamos marcar um chopp aqui no Snak Bar. Quem sabe a gente não vê o queixada passando, coitado, vestido com camiseta da seleção..hehe

Anônimo disse...

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Tui Rapa Nui disse...

aaaah...quanta emoção!!!
Dá até vontade de fazer um filminho,tipo aqueles comerciais de fim de ano que deixam a gente comovido!..mas...e a vovó?? Por onde anda???