quarta-feira, maio 10, 2006

Do Senegal via Bahia, à Arábia Natal. E um velho amigo abrindo portas.


Do Senegal, via Bahia, à Arábia em Natal. Do berimbau à última tecnologia. Do Paiol à Televisão.
E um velho amigo abrindo portas.

Conheci Virginia Rodrigues há alguns anos, quando seu talento fora lançado ao mundo através do disco "Sol Negro", impressionando a todos os que ouviam e se tocavam com aquela voz sem precedentes na nossa música. Pela espontaneidade daquela baiana, um balaio de alfazema, imaginei como ficariam encantados todos os que viessem a ouví-la, mundo afora, o que, com certeza, aconteceu: Virginia hoje roda o mundo tornando ainda mais belas, coisas lindas da nossa canção.
Em parte desse mundo, Curitiba, no Paraná, me coube acompanhá-la em dois shows no Teatro Paiol no último fim de semana, ao lado do talentoso Bernardo Bosísio, jovem violonista e guitarrista carioca.
Antes , fizemos quatro ensaios, onde percebi que o que eu buscava no final, não era apenas a roteirização mental do que tocar em qual momento, ou com a performance em cada instrumento, mas principalmente a interação que despertasse um sorriso satisfeito naquele grande rosto da querida e exigente conterrânea. Assim, parti para horas e horas de estudo de berimbau, instrumento presente em dois momentos do concerto: nas músicas "Berimbau" de Baden, e "Noite de Temporal", de Dorival Caymmi. Além disso, Virgínia não gosta de tamborins e surdos, e me levou então de volta ao instrumental original do samba da nossa Bahia, em atabaques e pandeiros, e achei muito bom. Às vezes precisamos desconstruir certas concepções de execução na percussão, arraigadas pelas influências do dia a dia, para trazer de volta outras, que na verdade estão na gênese da nossa musicalidade, no berço, na terra. Virgínia desperta tudo isso e em algumas pessoas vai mais fundo. Talvez seja tudo arquitetado por ela, nos mostrando a alma a prevalecer no palco, para que possamos escapulir das armadilhas da desconcentração: A alma está lá, acima das nossas horas de estudo, da nossa laboriosa atividade cerebral...
Eu vi nos dois dias de Teatro Paiol, lágrimas brotarem de almas encantadas com o reencontro, no momento de mais um pedido de perdão pelos sofrimentos causados a todos os ancestrais que trouxeram da África vozes como a de Virginia, para hoje acalentarem os escolhidos, nesse momento tão complicado do mundo, em que todos são escravos de alguma coisa.



Quinta feira, dois dias antes de viajar para o Paraná, atendo ao telefone e uma voz de mulher com forte sotaque paulistano se apresenta: Vivi, produtora da cantora Marina Elali, me convida para participar do programa do Jô , onde a jovem se apresentaria, tendo o maestro Lincoln Olivetti , seus teclados e samplers na direção musical.O mestre Olivetti passou certamente pelos ouvidos de todos os que cruzaram os anos 80, com seus arranjos de metais, sua marca pop em tanta gente da música brasileira. O número a ser apresentado, a música "Vem Dançar", tem sua base práticamente toda feita em samplers, e meu papel seria adicionar congas na parte de salsa da música. Sendo assim, segui ontem cedo para Sampa, onde é gravado o programa do Jô.
E lá estava o bom Lincoln pilotando eletrônicamente o talento, com talento, maestro daquela belíssima cantora do Rio Grande do Norte, filha de árabe com pernambucana, neta de Zé Dantas. Seu avô foi parceiro de Luis Gonzaga em várias músicas como "Xote das Meninas" e "Sabiá". Marina estudou canto em Berklee e certamente lapidou e muito bem seu talento natural. Marina Elali canta muito, é linda, artista talentosa e uma simpatia. Fez uma participação riquíssima no programa, driblou o nervosismo com espontaneidade, encantou a todo mundo com seu canto , sua energia, sua beleza e talento. Tudo isso acompanhada por terabytes de informação musical eletrônica e um par de tumbadoras.

Tanto à Virgínia quanto à Marina, cheguei por indicação de um grande amigo: Marco Lobo, percussionista querido por tanta gente, pela música que faz e pela alma que é. Marquinhos está em turnê com o Billy Cobham, um dos maiores bateristas da história, em shows pela Ásia. Ter seu talento reconhecido pelo mestre Billy Cobham não é para qualquer músico. É para merecedores, como Marco Lobo.

Um velho amigo, sempre abrindo portas: Seja a porta do paiol ou a porta midi.

16 comentários:

João Bani disse...

Hahah
mestre Gil!
Valeu mermão!

Unknown disse...

Oi, Bani!

Parabés por este espaço. Está bonito e com conteúdo interessante. Continue assim. Vou voltar. E linkar, claro.

Um abraço para você e para Vânia.

Carla Cintia

Anônimo disse...

Oi João, seu texto é ótimo e adorei lê- los pela manhã. Boas dicas e falando bem de quem se gosta, o caminho certo é esse. Parabéns e felicidades.

Anônimo disse...

Salve Bani. Sucesso pro cê no seu jornal online!

João Bani disse...

Carla, Guto, muito obrigado!
abração
JB

Luciana L V Farias disse...

Oi, Bani!!!

Seja bem vindo ao mundo bloguístico, eu ando meio sem tempo para os meus, mas quando der coloco o link para o seu por lá!!!

Beijocas,

Lu

Anônimo disse...

Querido irmão de som, muito bom te ler aqui falando de seu trabalho e de seu som, com sua escrita ágil e
articulada! Serei leitor fiel! :-)
Bjs muito som,
Renio Quintas

Anônimo disse...

Oie Bani! tudo certinho???
Amei seu blog, tá muito showwww...
e que dia que vc aparecerá no Jô com a Marina?

bjss

João Bani disse...

Obrigado meu irmão Rênio.
Monalisa, a Marina foi ao ar ontem mesmo, no mesmo dia da gravação.
bjs
JB

Anônimo disse...

Nussa, como tu escreve bem e bonito grande Bani!!!!
Adorei!
Pena q não te vi no Jô, pq tenho sempre q dormir cedo na semana por causa da escola...
Mas q bom q deu td certo.
Sotaque paulistano? rs é das minhas! kkkk
Adoro a Marina, tem uma voz leve e suave d+.
Q ótimo q gosta de tocar com elas, cada vez vc contribuindo mais pra nossa boa música brasileiríssima.
Valeu por tudo Bani! te admiro pacas mermo
grande cheiro

Anônimo disse...

adorei o blog Bani. É bom também pra saber notícias suas.
beijos e muita música!

João Bani disse...

Fernanda, querida.
Muito obrigado por prestigiar esse meu mural.
Ele e os tambores estão sempre à sua disposição.
beijos
JB

Anônimo disse...

Oi, Bani! Que bela surpresa!!!! Não conhecia essa sua veia poética e prosaica, tão fértil e gostosa.

Parabéns. O Blog é lindão, e o conteúdo muito bom de ver e ler.

Beijo, com carinho e saudade
Elenice

João Bani disse...

Minha querida Elenice!
Obrigado pelo prestígio e pelo carinho!
beijão
JBani

Anônimo disse...

Esse é o Bani que conheço: Sempre fazendo aquela barulheira lá atrás, atrapalhando os músicos "de verdade". Hummmm. Acho que eu deveria escrever aqui: "Isso é uma ironia", já que são cada vez mais raros os que entendem.

Abração, amigo Bani.

Juarez

vanessa Rezende disse...

parabéns por este cantinho.Este é diversificado e inteligente.abração