terça-feira, janeiro 08, 2008

Admiral Eruditino







Admiral Eruditino


Admiral Eruditino nasceu no bairro do Santo Crítico , Rio de Janeiro.

Desde cedo, Admiral vivia um drama existencial, diante da sua sensibilidade que ,pelas circunstâncias da vida, tinha de enfrentar a obrigatória audição dos clássicos populares, verdadeiramente populares, que saindo dos alto falantes de rádios AM, enchiam o ambiente dos seu bairro de "música de baixa qualidade" para os conceitos de Admiral : Odair José, Nadinho da Ilha, João da Praia, The Fevers, Zé Rico e Milionário....

Com seu coração revolucionário compreendia a adoração daquela gente sem dente que o avizinhava por aquele tipo de submúsica: Nem todos tiveram acesso à sua leitura. Nem todos o deixaram jogar bola, mas os livros ficaram com ele. O jovem fã dos ícones da música engajada da sua época, aliás, logo percebeu que bom mesmo era ser ruim de bola: quanto mais caracterizado fosse o seu desprezo pelo esporte alienante, melhor.

Admiral , se não tinha gosto pelo esporte, tecia letras de Música Popular Brasileira, aquela que ele queria popular. Aprendeu um pouco de violão, mas o suficiente para que não fosse considerado um violonista: Ele era compositor. Ele era um revolucionário, tinha que tirar a beleza de poucos recursos, inclusive musicais.

Nisso, colecionava adjetivos irônicos para aquela música que ele desprezava, principalmente para os "culpados" por ela, no seu pretensioso entender.

Do que sei do Admiral é que ele cresceu, constituiu família e trabalhou em jornal, onde por muitos anos esteve, e fez amigos. A demissão veio, junto com uma indenização, o suficiente para se arriscar na gravação do seu primeiro CD. Com doze faixas, vaticinou que quatro, mais populares, quase uma heresia para seu passado, seriam "trabalhadas" junto aos inúmeros amigos que fizera na imprensa.

Implacáveis amigos.

Seria melhor que não escrevessem nada sobre seu disco , que seriam mais amigos: "Letras desprovidas de sentido, num agrado inexplicável ao Axé" ou "Numa toada enervante, de forte acento sertanejo, nos faz crer que uma espingarda de cano duplo seria suficiente, se Admiral tivesse parceiro".

Admiral, convencido pela força da bruta realidade, esqueceu-se da música mas não dos adjetivos a serem aplicados a quem a faz: Hoje é crítico de música em jornais da Internet e ocasional em listas de discussão.

Seu disco faz um sucesso danado nos alto falantes da rádio comunitária do bairro de Santo Crítico: Tocam as quatro comerciais faixas "de trabalho".



3 comentários:

vanessa Rezende disse...

Bani querido,
Que saudade de ler suas obras...Que forma leve e graciosa que vc tem para descrever fatos.A vida de quem realmente acredita e luta pela boa música não deve ser nada fácil.Às vezes acreditar em nós não é nada fácil.
Que saudade de vc. beijos

Anônimo disse...

Beleza, Bani! Seus contos são sempre muito agradáveis. GRANDE ABRAÇO.

Anônimo disse...

Muito bom seu "post" Bani!
Leitura boa pra mim é a que me prende a história e me faz viajar no imaginário.
Parabéns!

Feliz Páscoa pra você, esposa e filhos.

Abraço com saudades do seu som!
Dorlene